Atualmente, o que mais vemos e ouvimos em todos os canais de mídia, roda de conversas, eventos, fóruns, palestras, etc, é o Tema TRANSFORMAÇÃO DIGITAL.
Neste sentido, este artigo tem como principal objetivo, de forma bem resumida, baseados em experiências vividas no dia a dia, provocar uma discussão sobre este tema, fazendo um contraponto sobre a real transformação que as pessoas e/ou empresas estão vivendo.
Problemas culturais são muito comuns nas organizações de um modo geral, e, nas organizações de saúde não seria diferente. Em um ambiente dominado por profissionais técnico-assistenciais, mesmo em posições de liderança, a prevalência de uma cultura conservadora e assistencialista é inevitável. Ao longo do tempo, os serviços de saúde se tornaram “negócio” e grandes empresas (hospitais, operadoras, laboratórios, etc.) buscam de forma crescente o equilíbrio entre o cuidado de forma humanizada, sustentável e quando possível, lucrativo. Diante deste cenário, como fazer então a tal Transformação Digital?
Observem o que disse o vice-presidente de pesquisa do Gartner, Cassio Dreyfuss, em uma coletiva de imprensa no Gartner Symposium/ITxpo, em São Paulo: “O sucesso ou o fracasso de um projeto de transformação digital está nas pessoas e não apenas em transformar a TI, como muitos imaginam.
Necessidade de mudança, na maioria das organizações, significa mexer na zona de conforto de cada indivíduo, sair da caixa, pensar e fazer diferente. Desta forma, inevitavelmente temos que pensar em pessoas, com crenças, valores, vontades, egos e ambições diferentes, cada qual com seu modo de pensar e agir; é neste exato momento que começamos a esbarrar nos obstáculos para qualquer tipo de transformação.
Em uma pesquisa recente, feita pela Capgenimi (Veja a Pequisa), foi possível verificar que mais de 60% dos entrevistados, entendem que a principal barreira para a Transformação Digital está relacionada a problemas culturais. Esta mesma pesquisa mostra que dos colaboradores que não ocupam cargo de liderança, a maioria não consegue enxergar a empresa como digital.
Percebemos então, que a questão central deste artigo já ganha evidências de que a transformação não é somente digital. Percebam que até agora não falamos em tecnologia, somente em comportamentos e pessoas.
Neste contexto, surge o conceito de T.I Bimodal. Não vou entrar a fundo neste conceito, pois o assunto é extenso. Já está mais do que claro, que para as organizações se posicionarem de forma competitiva, é necessário que acompanhem as evoluções do mercado, e neste sentido, a tecnologia da informação entra como um pilar importante no apoio ao negócio, e assim, novas tecnologias para transformação do negócio, acabam por impor a necessidade de mudança, seja em processos de trabalho, seja em comportamento de pessoas de um modo geral.
A Transformação da T.I tradicional para um contexto de T.I Bimodal, também passa pelo processo de mudança de cultura, não só dos profissionais de T.I, mas principalmente pela mudança de cultura da alta liderança. Transformar a T.I em uma célula que deixa de atuar somente com padrões de qualidade e segurança e começa a atuar de forma mais ágil e flexível para solucionar problemas e propor soluções de resposta rápida, torna-se diferencial para alavancagem dos negócios, e, passa a ser um ponto fundamental para o início da transformação digital.
Entendo que nos dias de hoje, o grande desafio dos gestores de Tecnologia é de encontrar um ponto de equilíbrio entre alinhar a T.I ao negócio trazendo para dentro da T.I os gestores das áreas e definindo projetos em conjunto, atuando como um disseminador da cultura digital, trabalhando com as lideranças e engajando todos num contexto tecnológico. Conhecer o negócio e conhecer tecnologias, coloca o gestor de tecnologia como um dos principais responsáveis pela Transformação Digital, porém não o único.
Definitivamente, não podemos falar em transformação digital, simplesmente olhando para tecnologias. A transformação precisa ser completa, começar pelo começo, onde lideranças entendam a importância da mudança no Mind Set, aceitando novos modelos de trabalho através do uso de tecnologia, e que disseminem esta necessidade de mudança para toda a organização. Sem o engajamento entre pessoas e empresa, a transformação digital nunca será bem-sucedida.
Não se transformam tecnologias e negócios, sem transformar pessoas. Obviamente que as empresas não são capazes de sozinhas, transformar pessoas, porém, fomentar a mudança de culturas e comportamentos, abrindo espaço na mente para novas ideias e formas de trabalho deve estar no seu DNA. Propor inovações, investir em capacitação e treinamentos, investir em P&D, estimular e propor meios para que as pessoas se transformem, será o diferencial para que o processo de Transformação Digital aconteça com sucesso.
E no frigir dos ovos, qual a resposta para a pergunta central deste texto:
Transformação Digital, Transformação Cultural ou Transformação Pessoal?
Na minha opinião, a resposta é: TRANSFORMAÇÃO PESSOAL E CULTURAL.
E na sua opinião, qual a resposta ?
Felipe Colucci – Gerente de Tecnologia da Informação no Complexo Hospitalar Municipal de São Bernardo do Campo e Diretor de Comunicação na ABCIS