Será que a era dourada do PACS (Picture Archiving and Communication System) está chegando ao fim? Em minha opinião: Sim. De fato, ter um PACS na própria instituição não é mais um diferencial que destaca a instituição no setor. Hoje um PACS é como uma tomada de energia ou o acesso à internet, uma necessidade básica no mundo de diagnóstico por imagem, uma commodity.
Isso é porque na definição básica falamos de armazenamento, transmissão e visualização de imagens DICOM. Muitos fornecedores vendem soluções parecidas que atendem a esta necessidade básica. Hoje os departamentos de imagens podem escolher entre soluções OpenSource, nacionais e internacionais. Eles podem optar por instalação no ambiente computacional próprio ou na nuvem ou num modelo híbrido
A diferenciação destas soluções vem nas funcionalidades além do básico e deve ser analisado no momento da contratação. E, para distingui-las das soluções clássicas falamos de Enterprise Imaging. Seguem alguns itens a considerar:
Suporte para decisões
Cada vez mais as instituições reconhecem a riqueza das informações armazenadas nos sistemas PACS. Os avanços de processamento computacional e as novas tecnologias de machine learning permitem soluções que ajudam na elaboração de laudos. Quando falamos de um Pop-Up na tela do Radiologista que pode indicar o mais provável diagnóstico ou apontar um diagnóstico adicional muitas vezes despercebido estamos falando não só de uma nova tecnologia mas de uma mudança cultural profunda.
Big Data
O vasto número de dados permite também uma análise estatística cruzando as informações demográficas com os diagnósticos. Especialmente para a saúde pública estas informações são importantes, como por exemplo para a rede da atenção básica. Com a análise de Big Data recursos do SUS como planos de vacinação ou construções de UBS’s poderiam ser aplicados muito mais eficientemente.
Compartilhamento de Imagens
A letra “C” de communication na abreviação PACS tem significado muito mais amplo do que somente distribuir as imagens dentro da instituição nos computadores dos usuários internos. Cada vez mais a troca de imagens entre instituições e os próprios pacientes como donos da informação deve ser incluído na distribuição. Obviamente isso gera uma complexidade muito maior que nem todas as soluções atuais conseguem gerenciar.
Eficiência na elaboração de laudos
Quando muitos radiologistas trabalham juntos numa quantidade grande de estudos o resultado desejado é uma lista de benefícios como a maior qualidade, velocidade e disponibilidade (24×7) para a elaboração de um laudo. Porém, estas vantagens se concretizam somente se os sistemas de PACS e RIS puderem levar o estudo certo para o radiologista certo no momento certo. Não é uma tarefa simples.
Imagens não DICOM
Existem muitas imagens clínicas, cada vez mais relevantes para os diagnósticos, que não são armazenadas no formato DICOM. Os sistemas VNA apareceram algum tempo atrás com foco na junção dos mundos DICOM e não DICOM. Na realidade atual Enterprise Imaging sem capacidade de tratar imagens não DICOM já significa uma limitação muito grande.
Em resumo, as soluções de PACS precisam evoluir para soluções de Enterprise Imaging com os itens listados acima. Só assim as instituições podem enfrentar a mudança de entrega de serviços para a entrega de mais valor, quer dizer menos custos e mais qualidade.
Armin Spirgatis – Executivo de Tecnologia de Informação em Healthcare e Serviços Financeiros | Consultor | Professor | Palestrante