O SAMU e o Home-Office
Nos idos de 2001 Nicholas G. Carr em seu artigo It Doesn´t Matter causou muito reboliço comparando o diferencial competitivo da TI aos efeitos das Estradas de Ferro e Eletricidade. Ele argumenta no famoso artigo que ao longo do tempo a T.I não faria diferença pois todos teriam acesso a ela, os fundamentos são muito atuais, quem nunca leu vale a pena ler.
À época, e para muitos ainda hoje em dia, a T.I representa somente um conjunto de “lata” cara para rodar sistemas padronizados que deixam todas as empresas iguais. Sobre os profissionais de T.I muitos administradores ainda consideram que são aqueles ‘caras’ que não falam muito “lé com tré”, pois em muitos casos as entregas são discutíveis para o negócio.
De fato, se analisarmos cruamente, se o que consideramos como T.I for somente os constantes no parágrafo anterior, realmente Nicholas G. Carr continua com muita razão.
A provocação SAMU x Homeoffice é interessante pois há muitos aspectos ocultos de TI em diversas realidades.
Quando um socorrista chega em uma emergência, e salva uma vida, ele é o anjo mais próximo do paciente, mas há outros anjos, há um céu de anjos. Imaginem se quando alguém chamou o 192, não houvesse a pessoa certa para atender? Ou então, se aquele socorro tivesse sido passado para uma equipe mais remota ao paciente?
E se a rede de comunicações que interliga sistemas não fosse de qualidade e os próprios sistemas não fizessem a coisa certa? Indo mais fundo, outras perguntas: O que sustentou toda a logística? Qual a equipe que implantou o último projeto que deixou mais inteligente a URA? E mais, quem lidera as equipes que implementaram o último PDTI (Plano Diretor de Informática)?
No mesmo raciocínio, o trabalho em esquema de Home-Office implantado à “Forceps” devido a pandemia, em escala muito menor, mas não menos importante, nos traz as mesmas perguntas. O que foi capaz de manter milhões de pessoas em casa trabalhando sem interrupção e com produtividade, quantos técnicos, quantas redes, quantos sistemas e a garantia da segurança?
Como um Iceberg, a T.I não é somente a superfície, hoje principalmente, paradoxalmente ela ainda justifica a atualidade do artigo, pois em ambos exemplos acima, a falta dela seria o caos.
A diferença competitiva vem depois de tudo isto e nunca serão commodities, estas diferenças podem ser obtidas também com perguntas. Quem usará melhor todos dados gerados nesta pandemia? Quem usou mais I.A para diagnosticar e tratar os pacientes com Covid19 ? Qual país liderará a produção das vacinas?
Por fim tudo importa, inclusive a TI como ciência.
Obrigado,
Marcio do Lago
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